Nota fiscal para empresas de comércio: quais cuidados tomar com CFOP, NCM e tributação

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Emitir uma nota fiscal corretamente vai muito além de registrar o valor da venda e o CNPJ do cliente. Para empresas do comércio, isso significa conhecer profundamente dois códigos fundamentais: CFOP e NCM.

Eles não apenas determinam a natureza da operação e a classificação do produto, mas também definem como os impostos serão calculados, e se sua empresa está ou não em conformidade com o Fisco.

Basta um erro simples, como escolher o CFOP errado em uma devolução ou usar um NCM genérico para todos os produtos, para colocar a empresa em risco.

Neste artigo, você vai entender o que são CFOP e NCM, por que eles são essenciais para o comércio, e como usá-los corretamente para manter sua empresa regular e competitiva.

O que são CFOP e NCM e por que eles são importantes?

A rotina de emissão de notas fiscais exige mais do que apenas preencher campos: exige atenção às regras fiscais que regulam o comércio em todo o território nacional. É nesse cenário que CFOP e NCM ganham protagonismo.

Ambos os códigos estão presentes em toda nota fiscal e, juntos, determinam a legalidade, a correta tributação e a rastreabilidade de cada operação comercial.

CFOP: natureza da operação fiscal

O CFOP (Código Fiscal de Operações e Prestações) indica o tipo de operação que está sendo realizada. Ele sinaliza para os sistemas fiscais do governo se aquela nota corresponde a uma venda, devolução, transferência entre filiais, bonificação ou outra finalidade.

A escolha do CFOP correto garante:

  • A correta apuração do ICMS;
  • Que o cliente possa se creditar dos tributos quando devido;
  • Que sua empresa evite enquadramentos errados e cruzamentos fiscais inconsistentes.

Por exemplo:

  • 5.102 é usado em vendas dentro do mesmo estado;
  • 6.102 em vendas interestaduais;
  • 5.910 para remessa de bonificações.

Tudo sobre CFOP em: “CFOP: o que é, para que serve e tabela”. 

NCM: classificação fiscal do produto

Já o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) é um código padronizado utilizado para identificar a natureza de cada produto comercializado. Com base nele, o Fisco aplica as alíquotas corretas de IPI, PIS, COFINS e ICMS.

Cada produto tem seu código específico, formado por oito dígitos. E engana-se quem acha que usar um código genérico é mais seguro: erros na classificação podem gerar multas, impedir a emissão da nota fiscal ou até travar operações com substituição tributária.

O NCM é importante para:

  • Aplicar a tributação correta;
  • Determinar se o produto tem isenção, alíquota reduzida ou regime especial;
  • Evitar bloqueios em operações interestaduais.

Saiba mais sobre NCM em: “NCM: o que é, para que serve e tabela”. 

Como escolher corretamente o CFOP para sua operação?

Escolher o CFOP certo na emissão de uma nota fiscal é uma das etapas mais importantes — e também uma das mais negligenciadas — por empresas do comércio.

O problema é que um código fiscal preenchido de forma errada pode alterar totalmente a tributação da operação, gerar erros na apuração de impostos e até bloquear o crédito do cliente.

A regra básica é: o CFOP deve sempre refletir o tipo da operação, a localização do comprador ou destinatário e se há ou não transferência de propriedade da mercadoria.

Vendas dentro e fora do estado, devoluções, bonificações

Veja os casos mais comuns e os CFOPs que devem ser utilizados:

Vendas dentro do estado

  • CFOP 5.102 – Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros.
    Usado quando você está vendendo para um cliente dentro do mesmo estado onde sua empresa está registrada.

Vendas interestaduais

  • CFOP 6.102 – Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, para fora do estado. Necessário quando o cliente está em outro estado. Atenção: operações interestaduais envolvem diferencial de alíquota (DIFAL), que pode impactar o valor total da nota.

Devoluções de venda

  • CFOP 1.202 (devolução de venda dentro do estado)
  • CFOP 2.202 (devolução interestadual)
    Nesses casos, o cliente devolve uma mercadoria vendida anteriormente, e você precisa informar a operação corretamente para recuperar o estoque e ajustar a tributação.

Bonificações e brindes

  • CFOP 5.910 (remessa em bonificação dentro do estado)
  • CFOP 6.910 (remessa em bonificação fora do estado)
    Muito usado quando a empresa envia um item gratuito como cortesia ou promoção. Mesmo sem cobrança, a operação precisa de nota fiscal para trânsito da mercadoria e controle de estoque.

Dica prática:
Sempre que tiver dúvidas sobre qual CFOP usar, verifique:

  • O tipo da operação (venda, devolução, remessa, etc.);
  • O local de destino da mercadoria (mesmo estado ou outro estado);
  • Se há incidência de tributos ou se a operação é simbólica (como no caso de brindes).

 Veja também: “Nota fiscal interestadual: diferencial de alíquota e o que muda na emissão”.

Como classificar corretamente o NCM?

A correta classificação do NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) é essencial para garantir que a tributação da nota fiscal esteja de acordo com a legislação. E embora pareça apenas um número de oito dígitos, esse código tem um peso enorme na hora de calcular impostos como IPI, PIS, COFINS e ICMS.

Usar um NCM genérico ou equivocado pode gerar multa, bloqueio da emissão de notas, e até problemas com a liberação de cargas em transportadoras e fronteiras estaduais.

Tabela do IBGE, penalidades por erro

O NCM de um produto deve ser consultado na tabela oficial da Receita Federal, baseada na classificação da ONU (Sistema Harmonizado) e adaptada ao Mercosul. O IBGE também divulga descrições e exemplos de aplicação para auxiliar na escolha correta.

Cada código NCM corresponde a uma descrição técnica e a uma carga tributária específica. Por exemplo:

  • Alimentos básicos geralmente têm isenção ou alíquota reduzida;
  • Eletrônicos, bebidas e cosméticos costumam ter carga tributária mais alta.

Penalidades por erro na classificação do NCM:

  • Multas de até 1% do valor da operação ou valores fixos por documento;
  • Impedimento de emissão de NF-e por rejeição automática do sistema da Sefaz;
  • Risco de autuação em malhas fiscais automatizadas (SPED, EFD, Malha PJ).

Dica prática: Utilize ferramentas de busca específicas para NCM ou consulte o contador da empresa. Evite “chutar” códigos ou copiar NCMs de concorrentes sem confirmar a aplicação correta ao seu produto.

Exceções fiscais e alíquotas reduzidas

Nem todos os produtos seguem o mesmo padrão de tributação. Muitos têm tratamento tributário especial, especialmente no comércio de alimentos, medicamentos, livros, produtos recicláveis, entre outros.

Essas exceções podem gerar:

  • Isenções fiscais (alíquota 0%);
  • Alíquotas reduzidas (ex: ICMS de 4% ou 7%);
  • Regimes de substituição tributária ou tributação monofásica (especialmente em bebidas, combustíveis e cosméticos).

Por isso, classificar o NCM corretamente também garante que sua empresa não pague tributos a mais. Em alguns casos, usar o NCM errado faz com que o sistema aplique uma alíquota maior do que a devida, e o prejuízo vai direto para o seu caixa.

Leia também: “Tabela NCM: O Guia Completo”. 

Quais erros são mais comuns e como evitá-los?

No dia a dia de empresas do comércio, especialmente em operações com grande volume de notas fiscais, é comum que erros aconteçam, principalmente na escolha do CFOP e na classificação do NCM.

O problema é que esses erros, mesmo que pequenos, podem impactar diretamente a tributação e gerar consequências legais e financeiras.

Abaixo, destacamos os dois erros mais recorrentes e como evitá-los com boas práticas:

CFOP incompatível com o tipo de operação

Um dos deslizes mais comuns é usar um CFOP que não reflete a realidade da operação. Por exemplo, aplicar o código de venda (5.102) em uma nota que, na verdade, corresponde a uma remessa de bonificação (5.910). Isso altera a natureza da operação e pode gerar:

  • Tributação indevida de ICMS;
  • Dificuldade para o cliente se creditar dos impostos;
  • Erros na apuração do SPED Fiscal;
  • Possível autuação por descumprimento da legislação.

Como evitar:

  • Crie uma planilha ou mapa de CFOPs utilizados pela empresa, com exemplos e situações práticas;
  • Treine a equipe de faturamento sobre os tipos de operação e seus respectivos códigos;
  • Utilize emissores fiscais atualizados, como o ClickNotas, que alertam para CFOPs incoerentes com a operação.

Produtos com NCM genérico ou inválido

Outro erro comum, e perigoso, é utilizar um NCM “padrão” para todos os produtos ou códigos genéricos como “21069090” ou “00000000”, acreditando que isso resolve o problema momentaneamente.

As consequências desse tipo de erro incluem:

  • Rejeição da nota fiscal pela Sefaz;
  • Perda de credibilidade com o cliente, especialmente em operações interestaduais;
  • Fiscalização por indícios de fraude ou sonegação;
  • Impossibilidade de aproveitar benefícios fiscais específicos.

Como evitar:

  • Faça auditorias regulares nos cadastros de produtos para verificar se o NCM está atualizado e correto;
  • Consulte a tabela oficial do IBGE ou use ferramentas automatizadas de classificação fiscal;
  • Oriente a equipe para nunca copiar NCMs sem conferir a descrição completa e a aplicação ao seu tipo de mercadoria.

Se aprofunde no assunto: “Código de situação tributária (CST): o que é e como preencher corretamente”.

Conclusão

Escolher um CFOP compatível com a natureza da operação e classificar o NCM corretamente são ações que reduzem riscos de multas, glosas e inconsistências contábeis. E mais: elas protegem o seu negócio em um ambiente tributário cada vez mais monitorado digitalmente, especialmente com o avanço da fiscalização eletrônica.

Se sua empresa ainda comete erros com frequência, o caminho é claro: capacitação da equipe, revisão periódica dos cadastros e uso de ferramentas fiscais inteligentes que ajudam a automatizar e validar esses dados com segurança — como o ClickNotas.

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