Como destacar o IBS no XML?

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Com a chegada da Reforma Tributária, o sistema de apuração de tributos no Brasil passará por uma transformação profunda. Entre os destaques dessa mudança está o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que substituirá tributos como ICMS e ISS.

E, para garantir o correto recolhimento e aproveitamento de créditos fiscais, será essencial destacar o IBS de forma adequada no XML da nota fiscal.

O arquivo XML é o verdadeiro documento fiscal com valor legal perante o Fisco. Ele será a base para a apuração eletrônica dos tributos pelo novo sistema digital, que integra dados federais, estaduais e municipais.

Portanto, qualquer erro no preenchimento do XML pode comprometer o recolhimento correto, a conformidade fiscal e até o acesso a créditos tributários.

O que é o IBS e por que ele precisa estar corretamente no XML?

O IBS é um dos novos tributos criados pela Reforma Tributária, junto com a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Ele substituirá os impostos ICMS (estadual) e ISS (municipal), unificando a tributação sobre o consumo em um sistema nacional com não cumulatividade plena.

Diferente dos modelos anteriores, em que a apuração muitas vezes era feita de forma declaratória ou manual, o IBS será apurado automaticamente com base nos dados contidos no XML da nota fiscal. Por isso, o preenchimento correto dos campos será essencial.

Qual a função do XML na apuração eletrônica do IBS?

O XML da nota fiscal eletrônica (NF-e, NFS-e ou NFC-e) será o documento que informará ao sistema tributário nacional os dados necessários para calcular o IBS devido. Isso inclui:

  • A base de cálculo do imposto;
  • A alíquota aplicada (nacional + municipal/estadual);
  • O valor total do IBS incidente sobre a operação;
  • A natureza da operação (interna, interestadual, serviço ou mercadoria).

Com o novo modelo, o XML se torna a fonte primária da apuração automática. Isso significa que, ao emitir uma nota fiscal com IBS, os sistemas do Fisco já terão acesso em tempo real às informações que alimentam a arrecadação e a divisão da receita entre os entes federativos, via Comitê Gestor do IBS.

Por que o destaque incorreto do IBS gera risco fiscal?

Se os campos do XML forem preenchidos de forma errada — com base de cálculo incorreta, alíquota inválida, CFOP incompatível ou informações incompletas —, isso pode acarretar:

  • Recolhimento indevido do imposto (a maior ou a menor);
  • Impossibilidade de aproveitamento de crédito pelo destinatário;
  • Multas e autuações por parte do Fisco;
  • Problemas com a escrituração fiscal digital, já que o SPED será alimentado por essas informações.

Além disso, como a fiscalização será digital e automatizada, os erros não precisarão de auditoria presencial para serem detectados. O próprio sistema poderá identificar inconsistências e emitir alertas de infração.

Saiba mais sobre o IBS em: “IBS: entenda o substituto do ICMS e ISS”. 

Onde o IBS deve aparecer no XML da nota fiscal?

Com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), o layout da nota fiscal eletrônica (NF-e, NFS-e ou NFC-e) precisará ser ajustado para comportar os novos campos obrigatórios que representarão esse imposto.

Assim como ocorre atualmente com ICMS, ISS e outros tributos, o IBS deverá ser destacado no XML da nota fiscal em campos próprios, respeitando as regras do Comitê Gestor e da Receita Federal.

Como o XML é o documento-fonte para a apuração automática do IBS, é essencial entender onde e como ele será destacado tecnicamente.

O IBS substituirá quais tributos no layout do XML?

O IBS entra como um substituto do ICMS e do ISS, que atualmente são destacados em seções específicas do XML:

  • O ICMS é informado no grupo ICMS (dentro de imposto), com suas variações como ICMS00, ICMS10, ICMS20 etc.
  • O ISS é informado no grupo ISSQN, utilizado principalmente na NFS-e.

Com a transição, o layout da nota fiscal deverá ser modificado para incluir um novo grupo específico do IBS, que poderá ser chamado, por exemplo, de IBS ou impostoIBS, conforme as atualizações futuras da Nota Técnica da Sefaz.

A previsão é de que ICMS e ISS deixem de ser destacados na NF-e e NFS-e, e o campo do IBS passe a ser obrigatório em todos os documentos fiscais de mercadorias, serviços e consumo.

Campos fiscais que tendem a concentrar informações do IBS

Com base nas simulações já feitas por especialistas e nos modelos propostos até agora, o XML deverá conter três principais informações referentes ao IBS:

Base de cálculo

A base de cálculo do IBS deverá aparecer no campo próprio dentro do grupo do imposto, indicando sobre qual valor a alíquota será aplicada.

Esse valor corresponde, geralmente, ao total da operação, podendo incluir ou não descontos, dependendo da legislação vigente no momento da emissão.

Alíquota aplicável

Outro campo essencial será a alíquota do IBS, que será composta por:

  • Uma parte nacional (fixada pela União);
  • Uma parte estadual ou municipal, que varia conforme o local do consumo ou prestação de serviço.

Assim como ocorre hoje com ICMS e ISS, a alíquota poderá variar conforme a operação ser interna ou interestadual, mercantil ou de serviços.

Valor do imposto

Por fim, o XML deverá apresentar o valor total do IBS incidente sobre a operação. Esse valor será calculado automaticamente a partir da base e da alíquota, mas o campo específico deverá ser preenchido e validado junto ao Fisco no momento da emissão da nota.

Importante: qualquer inconsistência entre esses três campos poderá invalidar o XML ou gerar rejeição da nota, além de afetar diretamente o direito ao crédito fiscal do comprador.

Leia também: “Modelo de nota fiscal com IBS e CBS: o que muda na emissão dos novos tributos”. 

O destaque do IBS muda conforme o tipo de operação?

Sim, o destaque do IBS no XML muda de acordo com o tipo de operação. A estrutura do imposto foi desenhada para considerar o local de destino da operação, o tipo de produto ou serviço, e a natureza da transação (venda, prestação, remessa, etc.). Tudo isso influencia diretamente como e onde o IBS será informado no XML da nota fiscal.

Entender essas diferenças é essencial para empresas que emitem documentos fiscais eletrônicos, especialmente em um cenário de transição entre tributos antigos (ICMS/ISS) e os novos (IBS/CBS).

Como diferenciar operações internas e interestaduais?

Na lógica do IBS, um dos principais pilares é a tributação no destino, ou seja, o imposto deve ser recolhido em favor do estado ou município onde o bem ou serviço será consumido, e não mais no local de origem.

Por isso, o XML deverá informar claramente:

  • UF de origem da mercadoria ou serviço (local do emitente);
  • UF de destino (local de consumo, que define para onde o imposto será repartido).

O que muda na prática:

  • Nas operações internas, a alíquota do IBS será composta por uma parte federal e uma parte do estado ou município do próprio emitente.
  • Já nas operações interestaduais, o XML deverá conter o detalhamento da alíquota de destino, e o sistema da Sefaz deverá automaticamente calcular e transferir a parte devida ao estado ou município do destinatário.

Isso significa que o XML não servirá apenas para cálculo do imposto, mas também para distribuição correta da arrecadação, com base nos dados informados no momento da emissão.

O que muda para mercadorias x serviços?

Embora o IBS seja um imposto único que substitui tanto o ICMS (sobre mercadorias) quanto o ISS (sobre serviços), ele precisará refletir corretamente no XML o tipo de operação, pois a forma de cálculo e as regras podem variar.

Para mercadorias:

  • A base de cálculo será, geralmente, o valor total da venda.
  • O destaque do IBS seguirá o modelo tradicional da NF-e, com identificação do produto, CFOP e CST específicos.
  • A alíquota do IBS poderá variar conforme a mercadoria e o destino.

Para serviços:

  • A emissão da NFS-e também precisará passar por reformulação.
  • A base de cálculo considerará o valor do serviço prestado.
  • O XML da NFS-e deverá conter os mesmos campos que o da NF-e, adaptados ao regime do IBS.
  • O município de destino (e não o de origem) passará a receber a arrecadação do IBS, o que exige atenção redobrada ao preencher o local da prestação.

Ou seja, o destaque do IBS no XML será diferente para mercadorias e serviços, respeitando a lógica do tipo de operação, mas sempre com foco na tributação no destino e na rastreabilidade fiscal.

Saiba mais sobre em: “Como ficam as alíquotas estaduais e municipais com o IBS?”.

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Qual a relação entre IBS, não cumulatividade e crédito no XML?

Com a chegada do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), um dos principais pilares do novo sistema tributário brasileiro é a não cumulatividade plena. Isso significa que as empresas terão direito a créditos do IBS em todas as etapas da cadeia, desde que os documentos fiscais estejam devidamente preenchidos, especialmente o XML da nota fiscal.

O XML passa a ter um papel ainda mais estratégico: é nele que o Fisco verifica se o crédito pode ou não ser aproveitado. Por isso, qualquer erro, ausência de informações ou divergência no preenchimento pode levar à glosa do crédito, ou seja, a perda do benefício fiscal.

Como o XML sustenta o direito ao crédito do IBS?

No novo modelo da Reforma Tributária, o direito ao crédito do IBS está diretamente vinculado aos dados informados no XML da nota fiscal, principalmente nos campos relacionados a:

  • Base de cálculo do IBS
  • Alíquota aplicada
  • Valor do imposto destacado
  • Natureza da operação (compra para revenda, consumo, ativo imobilizado etc.)
  • CNPJ do emitente e do destinatário
  • Código do produto (NCM/CFOP)
  • Indicação do crédito do imposto na operação (quando aplicável)

Essas informações serão lidas automaticamente pelo sistema nacional de apuração tributária. Com base nisso, será possível identificar:

  • Se o crédito é legítimo e compatível com a operação;
  • Se os valores informados batem com os valores da operação;
  • Se o destinatário realmente tem direito ao crédito de acordo com o tipo de operação.

Ou seja, o XML funciona como uma prova fiscal eletrônica: ele registra a transação e serve como base para geração, controle e autorização do crédito tributário.

Por que inconsistências no XML podem impedir o aproveitamento de créditos?

O novo modelo digital da Reforma Tributária será altamente automatizado. Isso significa que os dados de todas as notas fiscais emitidas serão cruzados em tempo real por sistemas das administrações tributárias.

Se o XML estiver incompleto, incorreto ou inconsistente, os sistemas podem:

  • Rejeitar o crédito automaticamente;
  • Exigir retificação da nota;
  • Apontar a empresa como irregular em auditorias futuras;
  • Impedir o abatimento do IBS em etapas seguintes da cadeia.

Alguns exemplos de erros que podem comprometer o crédito do IBS no XML:

  • Alíquota informada incorretamente;
  • Omissão do valor do IBS no campo apropriado;
  • CFOP incompatível com a operação de compra;
  • Falta de assinatura digital válida no XML;
  • Desalinhamento entre o XML e o DANFE enviado.

Além disso, com a apuração centralizada e em tempo real, esses erros tendem a gerar consequências imediatas, como:

  • Notificações eletrônicas;
  • Suspensão temporária do direito ao crédito;
  • Penalidades por documentação fiscal irregular.

Por isso, é fundamental que empresas invistam em sistemas integrados, parametrizações fiscais corretas e validações automáticas antes da emissão da NF-e, garantindo que o XML esteja sempre em conformidade.

Entenda os principais termos da Reforma Tributária agora! Leia: “Glossário da Reforma Tributária: os principais termos explicados”. 

Quais cuidados o emissor de notas precisa ter desde já?

Com a transição para o novo modelo tributário envolvendo o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), os emissores de notas fiscais devem se preparar para mudanças profundas nas rotinas fiscais e operacionais.

O XML, como base da apuração eletrônica, exige atenção redobrada para evitar erros que possam resultar em glosas de crédito, autuações ou recolhimentos indevidos.

Veja os principais cuidados:

Parametrizações fiscais e validações automáticas

A correta parametrização do sistema emissor de notas fiscais (ERP ou software fiscal) será fundamental para destacar o IBS corretamente no XML. Isso inclui:

  • Atualizar os CFOPs com base nos novos códigos relacionados ao IBS;
  • Garantir que o código do tributo (IBS) esteja corretamente configurado no sistema;
  • Estabelecer validações automáticas para alertar sobre:
    • Alíquotas incorretas;
    • Natureza da operação mal definida (revenda, industrialização, consumo, etc.);
    • Base de cálculo fora do padrão legal.

Sistemas que integram inteligência fiscal serão diferenciais para validar informações antes da emissão da NF-e e evitar XMLs com dados inconsistentes.

A automatização será essencial para lidar com o alto volume de regras tributárias e para garantir que cada operação tenha o destaque correto do IBS.

Integração entre cadastro de produtos e regras tributárias

O cadastro de produtos e serviços é o coração da nota fiscal eletrônica. No contexto do IBS, ele precisará estar alinhado com as novas regras fiscais, pois isso impacta diretamente nos seguintes campos do XML:

  • Código NCM atualizado;
  • Tipo de operação (mercadoria ou serviço);
  • Definição da alíquota do IBS aplicável;
  • Indicador de operação geradora de crédito.

Empresas que mantêm cadastros desorganizados ou desatualizados terão mais chances de erros no XML, o que pode gerar recolhimento indevido, glosa de crédito ou inconsistência na apuração eletrônica.

Além disso, sistemas integrados com classificação fiscal automatizada (Tax Engine) podem ajudar a garantir que cada item esteja corretamente classificado e com as regras de IBS aplicadas corretamente.

Leia também: “Reforma Tributária e digitalização: como a tecnologia pode ajudar na conformidade”. 

Perguntas frequentes sobre o destaque do IBS no XML

1. O IBS será destacado separadamente no XML?

Sim. O IBS terá campos próprios no XML, assim como hoje existem para ICMS, ISS, PIS e Cofins. A expectativa é que o novo layout da NF-e inclua seções específicas com:

  • Base de cálculo;
  • Alíquota do IBS;
  • Valor do imposto;
  • Local de destino da operação.

Esses dados serão usados tanto para a apuração automática dos tributos quanto para a repartição entre estados e municípios.

2. Um XML errado pode gerar recolhimento incorreto do IBS?

Sim. Com a nova apuração baseada diretamente nos dados do XML, qualquer erro nos campos relacionados ao IBS pode resultar em:

  • Cálculo incorreto do valor a pagar;
  • Perda do direito ao crédito;
  • Penalidades por omissão ou divergência.

Por isso, o XML deve ser preenchido com total precisão e validado automaticamente antes da emissão.

3. O DANFE mostrará o IBS da mesma forma que o XML?

Não exatamente. O DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica) é uma representação gráfica da NF-e e pode não conter todos os campos técnicos do XML. O DANFE deve sim trazer o valor do IBS destacado para visualização e conferência, mas:

  • O XML é o único documento com validade fiscal e jurídica;
  • É nele que constam os dados técnicos usados pelo Fisco para apuração e fiscalização.

4. O destaque do IBS será obrigatório desde o início da transição?

Sim. A fase de transição para o IBS, prevista para iniciar em 2026, já exigirá que as empresas passem a emitir notas com IBS destacado. Isso ocorrerá mesmo com o IBS tendo uma alíquota inicial simbólica, pois o objetivo é:

  • Testar o novo sistema de apuração eletrônica;
  • Permitir ajustes nos sistemas e processos das empresas;
  • Garantir a rastreabilidade das operações desde o início.

Importante: empresas que não se adequarem desde o início podem ter problemas com o Fisco e com o aproveitamento dos créditos do novo imposto.

Saiba como se preparar para a Reforma em: “Como se preparar para a Reforma Tributária em 2026?”. 

5. O Comitê Gestor irá ter acesso ou acompanhar a XML das operações?

Sim. Um dos pilares da Reforma Tributária é justamente a centralização da apuração e arrecadação do IBS por meio de um sistema eletrônico unificado, gerido pelo Comitê Gestor do IBS (CG-IBS).

Esse comitê, composto por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, terá acesso automático aos dados das operações registradas nas notas fiscais eletrônicas (NF-e e NFS-e). E como esses dados são estruturados no XML, esse arquivo se torna a principal fonte de apuração e fiscalização do novo imposto.

O Comitê Gestor terá acesso ao XML para:

  • Acompanhar a base de cálculo, alíquotas e valores do IBS declarados;
  • Garantir a correta aplicação da tributação no destino (regra central do IBS);
  • Validar os créditos tributários gerados;
  • Detectar eventuais inconsistências ou omissões em tempo real.

Importante: Isso significa que qualquer erro, omissão ou informação incorreta no XML poderá gerar autuações, bloqueios de créditos ou exigência de regularizações — tudo com base em cruzamentos automatizados realizados pelo Comitê Gestor, sem necessidade de notificações manuais.

Saiba mais sobre o Comitê Gestor em: “Comitê Gestor do IBS: o que é e como funcionará?”.

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