Comitê Gestor do IBS: o que é e como funcionará?

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A Reforma Tributária aprovada em 2023 está remodelando o sistema tributário brasileiro e entre os elementos centrais dessa transformação está o Comitê Gestor do IBS, órgão que será responsável por administrar um dos principais tributos do novo modelo: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

O IBS substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal), dois dos impostos mais complexos e descentralizados da atual estrutura tributária. Para viabilizar essa substituição com uniformidade, simplicidade e transparência, a criação de um comitê nacional, com representatividade federativa e funções estratégicas, se tornou essencial.

Neste artigo, você vai descobrir:

  • O que é o Comitê Gestor do IBS e por que ele é tão importante para a reforma
  • Como ele será composto e quais princípios vão guiar sua atuação
  • Quais serão suas principais responsabilidades na administração do novo imposto
  • E o que empresas, contadores e gestores públicos podem esperar dessa nova estrutura

Esse conteúdo é fundamental para quem deseja se preparar para as mudanças que vêm aí, seja no setor público ou no setor privado. Afinal, entender como será o funcionamento do IBS e do comitê que o gerencia pode ser o diferencial competitivo da sua empresa ou carreira.

O que é o Comitê Gestor do IBS?

O Comitê Gestor do IBS é um órgão nacional que será criado para administrar, fiscalizar e coordenar a aplicação do novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) em todo o país. Previsto pela Emenda Constitucional nº 132/2023, ele será a base da governança do novo sistema tributário sobre o consumo, que substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).

Seu papel é garantir que o IBS funcione com regras claras, únicas e padronizadas em todo o território nacional, trazendo mais segurança jurídica para os contribuintes e harmonia na arrecadação entre os entes federativos.

O Comitê Gestor surge para resolver um dos principais problemas do modelo atual: a falta de uniformidade entre estados e municípios.

Órgão responsável pela administração do novo imposto

Diferente do que ocorre hoje, em que cada estado e município tem seu próprio conjunto de regras para ICMS e ISS, o Comitê Gestor do IBS atuará como ente centralizado e técnico, com as seguintes responsabilidades:

  • Definir regulamentos nacionais para o IBS
  • Estabelecer obrigações acessórias padronizadas
  • Gerenciar o sistema eletrônico de arrecadação e fiscalização
  • Administrar o contencioso administrativo nacional relacionado ao IBS
  • Cuidar da redistribuição da arrecadação entre estados e municípios
  • Monitorar a aplicação uniforme da legislação tributária

Na prática, isso significa que as empresas vão lidar com menos burocracia, mais previsibilidade e um ambiente fiscal mais estável.

Representação dos estados, municípios e União

O Comitê Gestor do IBS será um órgão federativo, com composição paritária entre estados e municípios, garantindo equilíbrio nas decisões. Segundo a proposta em tramitação e regulamentações associadas:

  • 50% dos membros serão indicados pelos estados e Distrito Federal
  • 50% dos membros serão indicados pelos municípios
  • A União não terá direito a voto, mas poderá participar de forma consultiva

Cada ente federativo terá voz ativa nas deliberações, o que evita centralizações e reforça a ideia de cooperação entre os níveis de governo. Esse modelo também previne disputas como as que ocorriam com a guerra fiscal do ICMS, promovendo decisões técnicas e coletivas.

Além disso, haverá um Conselho Superior para tratar de diretrizes gerais, além de estruturas operacionais para execução técnica e arrecadação eletrônica.

Princípios de neutralidade e simplificação

O Comitê Gestor do IBS atuará com base em dois princípios fundamentais da Reforma Tributária:

1. Neutralidade tributária

O objetivo é que o IBS não aumente a carga tributária total, nem interfira nas decisões econômicas das empresas. O imposto deve ser neutro, ou seja, não deve privilegiar setores, regiões ou modelos de negócio específicos. Isso garante mais justiça fiscal e competitividade.

2. Simplificação

Um dos principais ganhos do IBS será a redução da complexidade fiscal. Ao ter um único órgão nacional regulando o imposto, as regras serão padronizadas, claras e uniformes, eliminando:

  • Diferenças de alíquotas estaduais e municipais
  • Interpretações conflitantes
  • Obrigações acessórias variadas por localidade

Essa simplificação operacional será sentida diretamente pelas empresas, principalmente as que vendem para diversos estados ou prestam serviços em várias cidades. O Comitê Gestor será o responsável por manter esse modelo simples, evitando retrocessos.

Tudo que você precisa saber sobre o IBS em: “IBS: entenda o substituto do ICMS e ISS”.

Funções e responsabilidades do Comitê Gestor

O Comitê Gestor do IBS assume um papel central na execução prática da reforma tributária no Brasil. A seguir, você encontrará uma descrição clara de suas principais funções e responsabilidades como arrecadação, distribuição, regulamentação e governança, explicadas de maneira acessível para empresas, contadores e demais interessados.

Funções principais

O Comitê Gestor terá atribuições amplas e estratégicas no novo modelo do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS):

  • Arrecadação e distribuição: Ele será responsável pela arrecadação centralizada do IBS e pela partilha da receita entre estados e municípios, conforme regras definidas em lei.
  • Uniformização da legislação e contencioso: O órgão também padronizará a interpretação da legislação do IBS, evitando divergências estaduais ou municipais que geram insegurança jurídica.
  • Padronização de obrigações acessórias e sistemas: Ele definirá os regulamentos operacionais, obrigações de contribuintes, sistemas de NF‑e, apuração de créditos/débitos e demais fluxos operacionais.
  • Fiscalização e coordenação entre entes federativos: Embora estados e municípios mantenham sua parcela de competência, o Comitê atuará como instância de coordenação para evitar sobreposições, conflitos ou interpretações múltiplas.

Responsabilidades específicas & desafios

Alguns exemplos práticos de responsabilidades que exigem atenção:

  • Definir mecanismos para compensação de créditos remanescentes do ICMS no período de transição.
  • Estabelecer critérios para a partilha da arrecadação entre estados e municípios no novo regime tributário de consumo.
  • Criar e administrar estrutura técnica como diretoria executiva, grupos técnicos operacionais, auditoria interna para dar suporte ao funcionamento do IBS.
  • Assegurar que o modelo de recolhimento seja neutro, eficiente e sem impacto desnecessário na carga tributária, mantendo os princípios da reforma.

Importância para empresas e contribuintes

Para empresas, contadores e gestores, o Comitê Gestor representa um avanço relevante porque:

  • Reduz o risco de múltiplas interpretações estaduais ou municipais haverá uma regra nacional uniforme para o IBS.
  • Fornece maior previsibilidade no ambiente tributário, o que facilita planejamento, investimentos e compliance.
  • Simplifica obrigações e sistemas fiscais ao criar regimes operacionais padronizados.
  • Embora não substitua totalmente as obrigações dos estados ou municípios, unifica os processos fundamentais para o tributário sobre consumo.

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Perguntas frequentes sobre o Comitê Gestor do IBS

Quem fará parte do Comitê Gestor?

O Comitê Gestor do IBS será composto por representantes dos estados, municípios e do Distrito Federal, com estrutura paritária. A composição será a seguinte:

  • 50% dos assentos serão ocupados por representantes dos estados e do DF
  • 50% por representantes dos municípios
  • A União não terá direito a voto, apenas participação consultiva

Esses representantes serão indicados pelos próprios entes federativos, com regras claras sobre mandato, critérios técnicos e processos decisórios definidos em lei complementar. A ideia é garantir uma governança compartilhada, técnica e equilibrada, sem favorecimento a regiões específicas.

Como ele impactará as empresas?

Para as empresas, o Comitê Gestor trará mudanças práticas importantes, como:

  • Unificação das obrigações fiscais: em vez de lidar com regras diferentes por estado ou município, as empresas seguirão normas padronizadas nacionais, reduzindo a complexidade tributária.
  • Redução de conflitos fiscais: o comitê terá poder para uniformizar interpretações e evitar autuações divergentes em diferentes localidades.
  • Facilidade na emissão de notas fiscais e escrituração: os sistemas serão coordenados nacionalmente, com um único padrão para o IBS.
  • Mais previsibilidade e segurança jurídica: com um órgão técnico centralizado, as empresas poderão se planejar melhor e reduzir riscos tributários.

Resumo: o Comitê Gestor impacta positivamente a rotina fiscal e operacional das empresas, principalmente aquelas que atuam em mais de um estado ou município.

O IBS terá alíquotas diferentes por estado?

Apesar de ser um imposto com arrecadação compartilhada, o IBS seguirá o princípio da uniformidade nacional, o que significa que a alíquota será única para todos os estados e municípios.

Ou seja:

  • Não haverá alíquotas diferentes por estado ou cidade
  • O valor arrecadado será partilhado conforme a legislação
  • O princípio do destino será aplicado o imposto será recolhido no local onde ocorre o consumo

Essa medida acaba com a “guerra fiscal”, promove justiça tributária entre regiões e simplifica a vida das empresas que atuam em diferentes unidades da federação.

O Comitê poderá criar novas obrigações acessórias?

Sim. Uma das atribuições do Comitê Gestor do IBS será definir e padronizar as obrigações acessórias relacionadas ao novo tributo. Isso inclui:

  • Prazos e regras para emissão de documentos fiscais (como NF-e)
  • Formato da escrituração fiscal digital
  • Informações a serem prestadas pelas empresas ao fisco
  • Procedimentos para apuração, compensação de créditos e recolhimento

Importante: embora possa criar obrigações, o Comitê não poderá criar novos tributos nem aumentar a carga tributária ele atua dentro dos limites definidos pela Constituição e pelas leis complementares.

Como os contribuintes acompanharão a arrecadação?

A arrecadação do IBS será centralizada e digital, com total transparência e rastreabilidade. O Comitê Gestor será responsável por:

  • Publicar relatórios regulares com os valores arrecadados
  • Distribuir os recursos automaticamente entre os entes federativos
  • Oferecer painéis eletrônicos e sistemas online de consulta
  • Permitir que empresas acompanhem suas declarações, créditos e pagamentos

Esse modelo busca aumentar a confiança do contribuinte e melhorar o controle social sobre a arrecadação e aplicação dos recursos públicos.

Entenda tudo sobre a transição tributária em: “Reforma Tributária: o que muda e cronograma tributário até 2033”.

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