O que é o CFOP 1653
O CFOP 1653 é classificado na categoria de “Aquisições para Consumo”. Sua descrição oficial, de acordo com a tabela de CFOP, é “Compra de combustível ou lubrificante para industrialização ou consumo”. No entanto, é crucial entender o significado de “consumo” neste contexto.
Em resumo, o CFOP 1653 deve ser utilizado quando uma empresa ou pessoa jurídica adquire combustível (gasolina, diesel, etanol, etc.) ou lubrificante (óleos, graxas, etc.) para uso próprio, sem a intenção de revendê-los.
Ou seja, a energia gerada a partir desses produtos será aplicada diretamente nas atividades da empresa, como no abastecimento de veículos da frota, maquinário industrial, geradores, entre outros.
Enquadramento do código na tabela CFOP
A tabela de CFOP é organizada de forma lógica. O código 1653 pode ser decifrado da seguinte maneira:
No CFOP 1653, cada dígito tem um significado específico:
- 1: Indica entrada de mercadoria dentro do estado (operação interna).
- 6: Mostra que a operação envolve combustível ou lubrificante.
- 53: Identifica o tipo específico de operação: compra por consumidor ou usuário final (para consumo próprio, e não para revenda).
Portanto, 1653 quer dizer: entrada, no mesmo estado, de combustível ou lubrificante comprado para consumo próprio pelo consumidor ou usuário final.
Confira todos os códigos CFOP em: “CFOP: o que é, para que serve e tabela”.
Diferença entre compra para consumo e para revenda
Esta é a distinção mais importante para evitar erros graves. A escolha do CFOP depende do destino final do produto adquirido.
CFOP 1653 (compra para consumo)
- Destino: Uso interno, consumo próprio, industrialização (como combustível para caldeiras em um processo produtivo).
- Exemplo: Uma transportadora compra diesel para abastecer seus próprios caminhões. Uma fábrica compra óleo lubrificante para usar em suas máquinas.
CFOP 1403 (compra para comercialização):
- Destino: Revenda a terceiros.
- Exemplo: Um posto de gasolina (revendedor) compra gasolina de uma distribuidora para, posteriormente, vendê-la aos consumidores finais. Neste caso, o posto de gasolina utiliza o CFOP 1403 na entrada da mercadoria.
A utilização incorreta, como usar o 1403 (para revenda) quando o produto é destinado ao consumo, pode levar a sérios problemas, como a indevida apropriação de créditos de ICMS, o que caracteriza um erro grave na escrituração fiscal.
Operações típicas com combustíveis e lubrificantes
Para reforçar o entendimento, veja algumas operações comuns onde o CFOP 1653 é aplicável:
- Abastecimento de frota própria (carros, caminhões, vans).
- Aquisição de querosene de aviação (QAV) para abastecimento de aeronaves de uma companhia aérea (para seu uso, não para revenda).
- Compra de óleo diesel para alimentar geradores de energia de uma empresa.
- Aquisição de gás natural veicular (GNV) para veículos da empresa.
- Compra de óleos lubrificantes industriais para manutenção de máquinas e equipamentos.
Quando utilizar o CFOP 1653
Identificar o momento correto de aplicar o CFOP 1653 é a chave para a conformidade fiscal. Ele é obrigatório para pessoas jurídicas que adquirem estes produtos como usuárias finais.
Compras por empresas não revendedoras
Esta é a regra geral. Qualquer empresa que não tenha como atividade principal ou secundária a revenda de combustíveis e lubrificantes deve utilizar o CFOP 1653 em suas compras. Isso inclui uma vasta gama de segmentos:
- Empresas de Transporte (Logística): Para abastecimento de sua frota.
- Indústrias: Para alimentação de caldeiras, fornos e maquinário.
- Agronegócio: Para tratores, colheitadeiras e outros veículos agrícolas.
- Empresas de Construção Civil: Para máquinas pesadas (escavadeiras, betoneiras).
- Empresas de Serviços em geral: Para veículos de entrega, visitas técnicas, etc.
Uso interno em frotas e maquinário
O conceito de “uso interno” ou “consumo” é amplo. Mesmo que a empresa tenha uma frota grande e compre combustível em volume, se a destinação é para o próprio funcionamento da operação, o CFOP 1653 é o correto.
Não é o volume que define, mas sim a finalidade. O combustível é um insumo para a operação, não uma mercadoria para estoque e revenda.
Situações específicas de usuário final
Algumas situações merecem atenção especial:
- Cartão de combustível corporativo: Quando uma empresa fornece um cartão de combustível para seus colaboradores abastecerem veículos da empresa, o estabelecimento comercial (posto de gasolina) deve emitir a nota fiscal ao CNPJ da empresa contratante do cartão. Nessa nota, o CFOP utilizado deve ser o 1653, pois a compra é para consumo da empresa titular do CNPJ.
- Transporte próprio de mercadorias: Se uma empresa industrial compra combustível para seus caminhões que transportam sua própria produção até os clientes, isso é considerado consumo. O custo do combustível integra o custo da operação logística interna.
- Área de aviação: Companhias aéreas que adquirem QAV (Querosene de Aviação) para suas aeronaves utilizam o CFOP 1653, pois são consumidoras finais do produto.
Como registrar corretamente o CFOP 1653 na nota fiscal
O preenchimento correto da nota fiscal é a etapa prática onde a atenção aos detalhes é crucial.
CFOPs relacionados a combustíveis
É importante conhecer os CFOPs “vizinhos” para não confundir. A tabela abaixo ilustra os principais:
- CFOP 1653: usado para compra de combustível ou lubrificante para industrialização ou consumo para consumo interno da empresa (frota, máquinas).
- CFOP 1403: usado para a compra de mercadoria para comercialização em operação com mercadoria sujeita ao regime de substituição tributário para revendedores (como postos de gasolina) adquirindo o produto para revenda.
- CFOP 5653: usado para a venda de combustível ou lubrificante para industrialização ou consumo. É o CFOP espelho do 1653, quem vende (a distribuidora, por exemplo) usa este código na nota de saída.
Leia também: “Substituição tributária: o que sua empresa precisa saber para emitir corretamente.”.
Campos obrigatórios no preenchimento
Além de inserir o código 1653 no campo apropriado do item da nota fiscal (geralmente chamado de “CFOP”), outros dados são essenciais para a validade do documento:
- Descrição do produto: deve estar clara e de acordo com a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul).
- NCM (Código do produto): Cada combustível tem um NCM específico. Ex.: Gasolina costuma ser 2710.12.21.
- Unidade de medida: Deve ser a unidade legal (ex.: litro – L).
- Informações de ICMS: Como se trata de uma compra para consumo, o crédito de ICMS é normalmente não permitido, a menos que a legislação estadual específica preveja (o que é raro para combustíveis). O campo CST (Código de Situação Tributária) do ICMS deve refletir isso. É fundamental contar com assessoria contábil para definir o CST correto.
- Dados do fornecedor e comprador: CNPJ, endereço, inscrição estadual, todos devem estar corretos.
Leia também: “Nota fiscal para empresas de comércio: quais cuidados tomar com CFOP, NCM e tributação”.
Impacto na escrituração fiscal
O uso do CFOP 1653 tem impacto direto na contabilidade e na apuração de impostos:
- Crédito de ICMS: Compras classificadas no CFOP 1653 podem gerar crédito de ICMS para o adquirente apenas quando o combustível é insumo direto. Energia para máquinas, frota que transporta mercadorias tributadas ou prestação de serviço sujeita a ICMS.
- Registro contábil: A aquisição será registrada como uma despesa (ou custo) e não como um estoque de mercadorias para revenda.
- SPED fiscal: O CFOP 1653 será informado nos registros do Sped Fiscal (Bloco C). A escrituração incorreta pode gerar inconsistências e rejeições no envio da obrigação acessória.
Saiba mais em: “Escrituração fiscal digital: o que é, para que serve e como preparar sua empresa”.
Conclusão: CFOP 1653 garante conformidade na compra de combustíveis e lubrificantes
Dominar a aplicação do CFOP 1653 é uma demonstração de maturidade fiscal para qualquer empresa que possua frota ou utilize maquinário movido a combustíveis e lubrificantes.
Mais do que um simples código, ele representa a correta classificação de uma operação de consumo, diferenciando-a claramente de uma operação de revenda.
A escolha equivocada do CFOP, principalmente a utilização indevida de um código para comercialização, pode levar a sérias penalidades, incluindo negativa de créditos, multas e autuações fiscais. Portanto, a regra é clara: se a empresa é o usuário final do combustível ou lubrificante, o CFOP a ser utilizado na nota fiscal de entrada é, invariavelmente, o 1653.
Para garantir total segurança, é altamente recomendável que as empresas mantenham uma comunicação próxima com sua contabilidade, validando os processos de emissão e recebimento de notas fiscais para essas operações tão comuns no dia a dia empresarial.